Бразильский портал «Vermelho» публикует выступление В.Ю. Катасонова на «Голосе России» (на португальском языке).
Um anúncio sobre novas despesas militares foi feito pelo presidente, Piotr Porochenko, no decurso de uma parada militar alusiva ao Dia da Independência. Em suas palavras, até ao fim do ano corrente, a Ucrânia gastará bilhões de grívnas a fim de modernizar o material bélico e, em 2015-2017, um montante de 40 bilhões, equivalentes a US$ 3 bilhões.
Por Sergeui Duz*, na Voz da Rússia
Ao mesmo tempo, no país já se fazem sentir sinais de uma crise econômica de larga escala. Em meados do verão, o ministro das Finanças, Alexander Shlapak, informou que o PIB da Ucrânia diminuirá, em 2014, em 6 a 6,5%, enquanto a inflação poderá atingir 19 pontos percentuais. A agência S&P prevê a queda seja na ordem de 7%. O politólogo ucraniano, Rostilsav Ischenko, salienta:
“A situação não é de crise, mas de super crise. A Ucrânia, como um Estado, não dispõe de finanças, sendo um país bancarrota, sem poder encontrar meios para os fins sociais. Não sei se os EUA irão ajudar a financiar a atual campanha militar. Penso ser pouco provável. Por isso, o país não tem outra hipótese senão um descalabro total. A questão é de saber se o Exército terá tempo suficiente para esmagar a resistência do sudeste. Nesse caso, vamos enfrentar uma outra realidade geopolítica, uma vez que o destino da Ucrânia será decido mediante conferência internacional.”
Kiev continua depositando esperanças especiais sobre a assistência dos europeus, em particular, da Alemanha. Berlim se dispõe a canalizar 500 milhões de euros para a reabilitação da região de Donbass. Porochenko até qualificou esta medida de um plano Merkel, por analogia com o plano Marshal para a recuperação europeia no período pós-guerra. Mas a premiê alemã não fez promessas concretas. Em suas palavra, os recursos serão destinados após uma conferência de países dadores, agendada para setembro. É óbvio que, antes disso, muita coisa poderá mudar tanto na Europa, como no sudeste da Ucrânia.
Mais uma fonte de ajuda econômico-financeira tem sido o Fundo Monetário Internacional. Na primavera, o Conselho de Diretores do FMI aprovou um programa bienal de créditos para o financiamento da economia ucraniana no valor de 17 bilhões de dólares. A primeira tranche, no valor de 3,19 bilhões, foi concedida no início de maio. A segunda tranche será estimada em 1,4 bilhões. Se a Ucrânia não obtiver esse dinheiro, chegará, sem falta, ao colapso financeiro. A possibilidade de obter essa soma é igual quase a zero, sustenta o economista, Valentin Katasonov:
“Todos se concentraram na Ucrânia sem prestar atenção à situação que se cria na Europa e ao estado das coisas no FMI. Ali, a situação é catastrófica também. Não sei por é que hoje pouco se fala de uma gravíssima crise atravessada pelo FMI. Como o Fundo pretende canalizar a ajuda financeira para a Ucrânia? Na UE, o quadro econômico também tende a piorar. Ninguém irá emprestar dinheiro à Ucrânia, por não haver meios para tal nem na Europa, nem nos EUA”.
As novas autoridades de Kiev têm demonstrado otimismo. Arseni Yatsenyuk, por exemplo, aponta duas vertentes que fomentem o crescimento econômico – o setor energético e agro-pecuário. No entanto, o sector de energia não sobreviverá sem o gás russo, enquanto a agricultura se encontra em estado agonizante. O professor catedrático da Escola Superior de Economia, Oleg Matveichev, opina:
“Ninguém quer se responsabilizar pelo estado das coisas na economia ucraniana. A setor agrícola se encontra em estado deplorável. Os grãos não foram semeados e, por conseguinte, não se colherão. As reservas oficiais est ã o em vias de se esgotar . As perdas se avaliam em 25%. Ninguém quer assumir a responsabilidade perante uma catástrofe social inevitável”.
Em tempos, a Ucrânia tinha terminado o período soviético com indicadores muito bons. Segundo Mikhail Delyagin, diretor do Instituto de Problemas de Globalização, ela combinava então uma indústria desenvolvida dos países bálticos e as riquezas do Transcáucaso. Diante dela, se abriam, naquela altura, as perspectivas aliciantes que pudessem provocar a inveja de qualquer ex-república soviética.
Mas foi assim que a Ucrânia não logrou tirar proveito da sua independência. Nos 25 anos passados, a população sofreu uma redução de quase 10 milhões de pessoas, cerca de outros 10 milhões estão vivendo abaixo do nível de pobreza. O setor agro-industrial foi desmantelado no governo de Yulia Timoshenko, enquanto o desenvolvimento da maquinaria outrora potente parou depois de cortados os laços econômicos com a Rússia.
Seja como for, a guerra civil continua sendo o maior problema do país, sustenta o politólogo, Pavel Svyatenkov:
“Por via de regra, o Ocidente, quando concede créditos, acompanha-os com a exigência de reformas liberais duras que, por sua vez, levam à recessão da economia. É muito difícil realizar reformas na altura da guerra civil. Por isso, o governo procura esmagar à força a resistência popular e, numa etapa seguinte, quando se estabelecer o controle sobre a maior parte do país, solicitar mais dinheiro. Na situação atual, as reformas econômicas dolorosas podem implicar a perda das alavancas do poder e uma nova revolta. Kiev está pedindo ajuda na esperança de sobreviver nos próximos meses”.
Para o governo de Kiev, um horizonte de planejamento não atinge os finais do ano. É-lhe necessário se manter no poder, custe o que custar, sem pensar em consequências e repercussões de longo prazo. Nisso consiste a causa fundamental das falhas econômicas mais recentes.
Para vencer a crise, aos poderes convém pensar não só em seus interesses, mas em milhões de compatriotas, colocados à beira de sobrevivência física.
*Articulista da emissora de rádio Voz da Rússia
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